Blog da responsabilidade de Nelson Correia, Advogado, Vereador na Câmara Municipal de Penafiel, deputado na IX Legislatura e militante do Partido Socialista
Educação, apenas mais um a falar...
Falar desta Ministra da Educação, é como falar de uma roseira em flor. Obrigatoriamente deve-se falar da beleza das suas rosas, mas deve-se completar com a perigosidade dos seus espinhos. Ou seja ao falar desta Ministra da Educação, deve-se obrigatoriamente referir as suas políticas de melhoramento do sistema de ensino e de promoção de alguma qualidade e inclusão. Mas também, deve-se falar das opções que alimentaram uma autêntica revolta de classe.
Deve-se elogiar a escola do 1º ciclo a tempo inteiro, com a Língua Inglesa, embora existam algumas arestas que necessitem de ser corrigidas, deve-se elogiar os concursos válidos para três anos, que conferiu alguma estabilidade ao corpo docente, deve-se elogiar a criação dos cursos de vertente profissional nas escolas secundárias cujo alcance desta medida permitiu pela primeira vez em 30 anos, que aumentasse o número de alunos inscritos nas escolas e que se diminuisse o abandono escolar. Neste caso, não vou atrás de algumas vozes que gritam o facilitismo aos quatro ventos. Numa reflexão bastante rápida e superficial, consegui enumerar algumas políticas que considero positivas para a Educação. É um exercício fácil de se fazer, que proporciona a lembrança de mais medidas positivas, como o alargamento da rede do pré-escolar, e a criação das Novas Oportunidades.
No entanto, qualquer reforma na Educação, deve ser acompanhada pelos principais dinamizadores das Escolas, os professores. E o regime dos professores era algo bastante injusto para alguns, pois ser bom professor é bastante desgastante e trabalhoso e ser mau professor nem por isso. E o que se passava era que, quer bons professores e maus professores seguiam na carreira, embora, claro a sua avaliação subjectiva era bastante diferente. Este facto tornou urgente a criação de um sistema de avaliação do desempenho dos professores que fosse justo. E passaram-se cerca de 3 anos desde que as progressões foram congeladas e passados esses três anos em que foi prometido um sistema de avaliação, surgiu... nada.
Ou melhor, nada nao. Surgiu um sistema de avaliação, extremamente burucrático, injusto, provocador de mau estar, dependente de condicionantes em que o professor não tem muita influência. Surgiu um concurso para professor titular, para diferenciar os professores titulares dos "outros" e esse mesmo concurso assentou sobre pressupostos pouco correctos e pouco coerentes, prejudicando muitos que ficaram na classe dos "outros". Daí que se entenda um pouco a revolta dos professores.
Mas tal história não acaba por aqui. O novo modelo de gestão escolar... que cria uma figura de director, com amplos poderes, lembrando um pouco o sistema anterior. Cria um órgão com poderes de decisão , em que os principais dinamizadores do espaço escolar e do processo de ensino-aprendizagem deixam de estar em maioria. Dizem que a escola tem de se abrir ao exterior, aos encarregados de educação, à autarquia, às empresas. Mas as escola, através das Assembleias Escolares já faziam tal abertura. Dizem que as escolas não são coutadas dos professores. Mas são os professores os principais responsáveis pelas tarefas de uma escola. Porque não, serem os professores os gestores de tais tarefas e serem os mesmos a elegerem os Concelhos Executivos, dando legitimidade democrática aos mesmos.
No entanto, os professores, no Programa Prós e Contras, perderam uma oportunidade de ouro em tentar capitalizar apoios. Os professores oradores no programa referido, deixaram apenas extravazar as suas frustrações, perdendo o sendo de racionalidade nas críticas feitas à Ministra da Educação.
Defendo a manutenção desta Ministra, defendo também uma maior abertura da sua equipa para o diálogo. E sobretudo defendo, uma maior participação dos professores nas suas estruturas de negociação, os sindicatos, pois a criação de plataformas de professores revoltados só contribui para o extremar de posições e opiniões.
Este artigo foi escrito tendo em conta a condição de Militante do PS, de apoiante do Governo e de antigo professor, que já não exerce, mas que sempre se irá considerar um professor.
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