Blog da responsabilidade de Nelson Correia, Advogado, Vereador na Câmara Municipal de Penafiel, deputado na IX Legislatura e militante do Partido Socialista
Nos últimos tempos temos ouvido por diversas vezes falar sobre biocombustíveis, nas mais altas esferas de decisão, quer a nível nacional quer num prisma mais abrangente.
Mas afinal o que são os biocombustíveis?
Biocombustíveis, ou também designados de biocarburantes, são carburantes biodegradáveis, obtidos a partir de fontes renováveis, que normalmente são vegetais, como a cana-de-açúcar, ou os diferentes cereais como o milho ou o trigo, ou então a partir de óleos alimentares usados. O biocombustível mais conhecido é o bioetanol, que obtido a partir dos cereais ou da cana-de-açúcar é utilizado nos motores a gasolina.
Como este tipo de combustíveis, possui menos potencial de emissão de gases de efeito estufa e são relativamente baratos, são a nova coqueluche dos diferentes governos, na tentativa de se diminuir a dependência face ao petróleo e seus derivados e de se diminuir a emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera. Se os factos fossem apenas estes, tudo estaria bem, e os subsídios dos Estados aos produtores de cereais, para estes encaminharem as suas produções para os biocombustíveis, seriam 100% correctos e bem encaminhados.
No entanto, a produção de biocombustíveis necessita de uma grande quantidade de matéria-prima, que são os cereais, e como toda a gente sabe, os cereais também têm a fantástica utilidade de servirem de alimentação à humanidade. Como a produção mundial de cereais nos ultmos anos não tem variado muito, a sua procura tem aumentado a nível exponencial sobretudo devido ao fenómeno dos biocombustíveis, nomeadamente do bioetanol. Ou seja, a transformação de cereais em bioetanol, está a conduzir a um aumento elevado e acelerado dos preços destes produtos alimentares. Será isto mesmo necessário quando ainda temos uns quantos milhões de pessoas a passarem fome no nosso Mundo?
Possivelmente os milhões de pessoas a passar fome no Mundo não constituem um facto pertinente para muitas outras que poderão ler este artigo, mas descendo ao nível das mesmas, poder-se-á dizer que todos os cereais e seus derivados, directos e indirectos, irão também ver os seus preços aumentados nos próximos tempos. E não falo apenas do pão, ou das massas. Falo também do leite e seus derivados, pois os animais que produzem leite alimentam-se sobretudo de cereais.
Estamos sim perante um dilema, diminuir a emissão de gases de efeito estufa, conseguindo uma alternativa ao petróleo, ou então continuar a tentar alimentar esses milhões de pessoas que passam fome, de modo que comer não se torne um luxo.
Existe uma solução, ou um horizonte a partir do qual se poderá chegar a uma solução. Designa-se de pós-etanol, e permite desenvolver biocarburantes de segunda geração, produzidos a partir de algumas colheitas realizadas em solos pouco férteis, como outros tipos de gramíneas e/ou eucaliptos; ou, ainda de desperdícios de culturas, como por exemplo desperdícios de culturas de milho e de trigo. Estas matérias-primas não entram em competição com os produtos alimentar, são mais baratas que as matérias-primas do bioetanol e possuem maior potencial de redução de gases de efeito estufa.
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