Blog da responsabilidade de Nelson Correia, Advogado, Vereador na Câmara Municipal de Penafiel, deputado na IX Legislatura e militante do Partido Socialista
Quinta-feira, 10 de Agosto de 2006
FUNDAMENTALISTAS vs RADICAIS
Um anúncio trouxe de novo para a ribalta a polémica entre os que defendem a proibição de fumar e os que entendem que essa decisão deve ser deixada na esfera de cada um.
Nesse anúncio, avisava-se que para os fumadores, o acto de concorrer era uma inutilidade. Ser fumador era uma deficiência que importava a desclassificação. Ainda por cima, por se entender que quem fuma é destituído de inteligência.
O anunciante rematava esclarecendo que nunca contrataria um fumador por essa condição ser reveladora de uma diminuição intelectual!
Tal anúncio passaria despercebido, não fosse uma deputada europeia ter inquirido a Comissão da legalidade de tal atitude.
E não é que um senhor comissário se lembrou de dizer que o direito ao trabalho consagrado nas mais diversas ordens jurídicas desta velha Europa, devia ceder face ao vício do tabaco?!
Entendeu aquele comissário, seguramente numa crise de diarreia cerebral, que a exclusão dos que fumam do direito ao emprego, não constituía qualquer violação à ordem legal vigente.
Acho que o ridículo da decisão, por si, a matava.
Porém, os defensores do tabaco resolveram acrescentar mais disparate ao disparate e naquela decisão viram o fascismo de regresso à Europa; a polícia dos costumes aterrar em Bruxelas e numa cruzada purificadora a varrer todos os ímpios que fugissem do padrão imposto pela inquisidora Comissão.
Viam nessa estúpida decisão o culminar da "guerra" antitabagista que tem assentado arraiais um pouco por todo o mundo. Queriam, nomeadamente, referir-se à proibição de fumar em locais públicos; nos restaurantes, nos bares, nas escolas e outros edifícios.
Tudo em nome da liberdade.
Para estes novos radicais, ao fundamentalismo dos antitabagistas, havia que contrapor a liberdade da baforada.
Queria ver como reagiria um destes radicais do fumo, que nada se importa com o vizinho do lado quando no autocarro, no café, na repartição pública, puxa do cigarro e sem perguntar se o fumo incomoda lança aquela baforada sobre a cabeça do parceiro do lado, se este, perante as suas fumaradas, respondesse com arrotos e traques!
Iria respeitar a liberdade do vizinho de fazer a "javardice" que vem entendesse ou ficaria indignado perante tão associal comportamento?
Quem tolera todo e qualquer comportamento social, pode defender a liberdade de fumar, seja onde for e em que condição for.
Quem pensa que a sua liberdade termina, quando com ela, a dos outros é colocada em causa, concerteza que não aceitando a estupidez dos que querem impor um padrão de costumes e castigar quem a ele não se submete, também não aceitará que se fume em prejuízo da liberdade e já agora, da saúde, dos outros.