Blog da responsabilidade de Nelson Correia, Advogado, Vereador na Câmara Municipal de Penafiel, deputado na IX Legislatura e militante do Partido Socialista
Neste local, com a barca que se vê ao fundo, ou com o velho barco a remos, as populações das duas margens do Douro sempre tiveram assegurada a travessia do rio.
Foi assim que as populações do lado de Penafiel viram garantido o sustento procurado nas minas do Pejão.
Com o encerramento das Minas, o Estado entendeu que o lado do rio de Castelo de Paiva devia ficar ligado à industria. Foi nesse pressuposto que foi criada a zona industrial das Lavagueiras, na Póvoa, freguesia de Pedorido. Do lado de cá, entendeu-se, então, que o futuro estaria no Turismo.
Entretanto, as populações aspiravam pela construção de uma ponte que ligasse as duas margens. Até que a tragédia bateu em Entre-os-Rios.
No ano de 2001 a velha ponte Hintze Ribeiro sucumbiu as intempéries e arrastou consigo a vida de 59 pessoas que, há anos, ansiavam pela prometida construção da nova ponte.
Morreram vítimas da incúria do Estado, incapaz de presevar o que tem, e da falta de organização e planeamento que permitisse, em tempo útil, a construção da nova ponte.
Com a tragédia surgiu não uma ponte,mas duas!
Uma a estorvar à outra! Com o cómico de, para justificar as duas, os nossos engenheiros terem inventado um troço de estrada que obriga a entrar na ponte velha, ou melhor, na ponte nova que substituiu a velha, ir dar uma volta ao outro lado e entrar na nova ponte, voltando ao lado de cá, para retomar a viagem!
Entretanto, as populações da zona sul dos concelhos de Castelo de Paiva e Penafiel para atravessarem o rio têm que saber nadar. È que a barca que assegurava a passagem entre as duas margens deixou de operar.
As Câmaras Municipais, a de Penafiel e a de Castelo de Paiva, não querem pagar os custos da travessia.
Acham que o dinheiro lhes faz falta, por exemplo, para a publicação das respectivas revistas municipais, onde a fotografia dos Presidentes aparece mais vezes que a palavra bué em boca de adolescente de telenovela.
Se estiver a pensar, um dia destes, vir a Rio Mau e daqui até Pedorido, já sabe, traga uns calções. È que vai ter que se lançar ao rio e nadar... nadar até atingir a outra margem.
Se não sabe nadar, esqueça!
O melhor é ir mesmo até Entre-os-Rios. E se vem dos lados de Penafiel, esqueça a nova variante, a tal que prova que duas pontes, às vezes só estorvam.
Venha mesmo, pelo sítio de sempre. Apanhe a ponte que roubou o lugar da velha e depois, é só seguir em frente.
30 km mais à frente e está em Pedorido!
È esta a sina dos que vivendo do lado de Penafiel, precisam de trabalhar no lado de Castelo de Paiva e dos do lado de Castelo de Paiva que aí vivendo, precisam de vir ao lado de cá, quando não for mais, para apanhar a camioneta que os levará até ao Porto, onde ganham a vida.
Os que dos dois lados do rio ocupam a cadeira do poder municipal, com isto não se preocupam, ocupados que estão em escolher as fotografias da próxima revista municipal.